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Deixem as meninas aprenderem

  • Bruna Gioia
  • 14 de nov. de 2016
  • 3 min de leitura

“A todas as garotas que enfrentaram a injustiça e foram silenciadas: juntas seremos ouvidas.” –Malala

De acordo com a Unesco, quase 16 milhões de meninas entre 6 e 11 anos nunca irão à escola. Mais de 60 milhões de garotas ao redor do mundo têm o seu direito à educação negado. Ou seja, o potencial de mais de 60 milhões de meninas está deixando de ser explorado. Possíveis mentes brilhantes, cientistas, médicas, advogadas, professoras. Todas sufocadas, silenciadas pela desigualdade de gênero, que é refletida frequentemente na educação.

Essa desigualdade é mais visível nos Estados Árabes e na África Subsaariana. Nesse segundo lugar citado, apenas 20% das meninas são matriculadas na primeira série do ensino básico; e estima-se que 9,5 milhões de meninas jamais porão o pé em uma sala de aula, em comparação com um contingente de 5 milhões de garotos que também não terão acesso à educação, na mesma região.

Muitas meninas lutam para permanecer onde realmente pertencem: a sala de aula. É o caso, por exemplo, de Malala Yousafzai, uma jovem paquistanesa que, em 9 de outubro de 2012, foi baleada na testa por um membro do Talibã por simplesmente lutar pelos direitos das meninas de terem acesso à educação. Para esses fundamentalistas, o fato de garotas frequentarem a escola é um pecado. Em certos lugares do mundo, como no Afeganistão, nascer menina é simplesmente uma falta de sorte. Lá, elas são obrigadas a se casarem com cerca de 11, 12 anos de idade, tendo filhos precocemente.

“Nasci menina num lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de cortinas” - Malala.

Mas esses não são os únicos obstáculos que essas jovens enfrentam. Muitas não frequentam a escola por conta da pobreza extrema de seu país e de suas famílias, levando em consideração que dois terços de toda população pobre no mundo são mulheres. Essas famílias não possuem condições econômicas para pagar uma educação de qualidade; e quando têm, priorizam os meninos.

Em certos países, como no Nepal, as meninas são mandadas por seus familiares para trabalharem como escravas em residências de pessoas mais ricas. Mas isso representa só mais uma das diversas barreiras que as garotas enfrentam, como casamento precoce e tráfico humano para fins de exploração sexual. Observa-se então que, na cultura patriarcal, é muito mais conveniente que uma mulher não tenha acesso à educação. Pois assim, ela não terá vez. Sem estudar, a menina não está ciente de seus direitos, perpetuando, dessa forma, uma cultura de submissão, em que ela simplesmente aceita sua condição social e financeira, limitando-se a crescer sem qualquer perspectiva, apenas cuidando da casa e dos filhos.

Mas por que as meninas? Porque educar mais garotas quebraria ciclos de pobreza em apenas uma geração. Cada ano na escola ajudaria a menina a tomar decisões melhores para si mesma, até finalmente ter voz para reivindicar seus direitos e garantir maiores oportunidades, seja no mercado de trabalho ou na vida. Garotas instruídas são mais livres e autônomas, casam-se mais tarde e têm filhos mais tarde; pois possuem consciência com relação a métodos contraceptivos, o que também previne doenças sexualmente transmissíveis. (75% dos casos de AIDS na África Subsaariana são mulheres e meninas).

Além disso, meninas que tiveram acesso à escola têm maior probabilidade de garantir que seus bebês sejam vacinados, recebam nutrição adequada e também sejam educados. Sendo assim, os benefícios da educação das meninas não são sentidos só por elas, mas por comunidades inteiras.

Não se deve esquecer, porém, que o direito à educação é reconhecido internacionalmente como direito humano, conferido na Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU. Todas as mulheres necessitam que se elimine toda forma de segregação social por gênero, especialmente no campo educativo. Sendo assim, as meninas precisam ir à escola. E acima de tudo, precisam permanecer lá. Porque educar meninas muda o mundo.

“Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. Educação é solução.” – Malala, em Assembleia Geral da ONU, julho de 2013.

Referências:

http://girlrising.com/about-us/index.html#what-is-girl-rising

http://www.tellmaps.com/uis/gender/#!/tellmap/1152163451

YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala. Companhia das Letras, 2013.


 
 
 

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